Na frente de minha casa, esquina da Aureliano Coutinho com a Marques de Itu, há um prédio, eu o chamo de prédio barco mas na frente de minha casa também há uma construção, costumo olhar os trabalhadores que fazem de tudo para o prédio ficar pronto o mais rápido possível. Outro prédio bem na frente de minha casa um prédio azul bonito com grandes janelas.
Uma certa noite eu paro para desenhar pois não conseguia dormir começo a desenhar uma flor que estava na frente da janela mas no meio do desenho ela caiu. Fui para a janela observar a calma da minha rua a noite tranquila e exaltada de terça a noite, sampa estava quieta, até estranhei. Quando vejo um mendigo atravessando a rua levando um carrinho com caixas nas costas, ele não parecia querer fazer aquilo era uma mudança forçada. Olho para a obra, parada, quando um homem, provavelmente o último que estava lá, vai embora. De cabeça baixa um pouco triste. Ele atravessou a rua com a mesma angustia não sabia o que lhe esperava.
Após ver isso chorei. Era o ano de 2013 resumido para mim. A minha mudança forçada, sair de minha casa para ir para um bairro que não conhecia. Sair da casa de onde cresci para ir a um lugar aonde não tinha amigos, aquilo era horrível. Uma casa com quintal sem regras, perfeita. Mas eu tinha de ir a um apartamento.
A obra era a minha escola antiga , parada, isso significava que o que eu havia construído lá tinha parado no meio, e o homem saindo de lá com cabeça baixa era eu triste por largar aquilo, então atravesso a rua para um lugar desconhecido sem saber o que esperar. O outro lado da rua era tudo, o novo bairro, a nova escola, a nova casa, o novo começo.